Polícia Federal investiga mais duas empresas de ônibus de SP por ligação com PCC
17/03/2025
(Foto: Reprodução) Movebuss e Transunião aparecem no inquérito da Operação Mafiusi, no Paraná, que apura desde o ano passado o envolvimento de integrantes de facção criminosa com a Ndrangheta, grupo mafioso da calábria, no Sul da Itália. Ônibus da Transunião
Abraão Cruz/TV Globo
A Polícia Federal, no estado do Paraná, investiga duas empresas de ônibus da capital paulista por ligação com integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Neste ano, a Prefeitura de São Paulo já rompeu o contrato com a Transwolff e com a UPBus por envolvimento com a facção criminosa. Mas, agora, outras duas empresas estão na mira da polícia: Movebuss e Transunião.
As duas aparecem no inquérito da Operação Mafiusi, que apura desde o ano passado o envolvimento de integrantes do PCC com a Ndrangheta, grupo mafioso da Calábria, no Sul da Itália.
A partir de uma delação, a Polícia Federal passou a rastrear as movimentações financeiras de Patrícia Soriano, irmã de Roberto Soriano, que já foi apontado pelas autoridades como um dos líderes do PCC.
Patrícia também é viúva de Edmilson de Menezes que, segundo os investigadores, atuava no tráfico internacional de drogas para a facção. Edmilson morreu em 2024.
A Polícia Federal afirma que Patrícia Soriano recebeu quase R$ 228 mil da Movebuss e que "é notável que os depósitos ocorrem de forma fragmentada, mensalmente, desde 2020 até outubro de 2022".
De acordo com a PF, "Patrícia omite os valores em suas declarações de renda" e "o padrão de vida da família é incompatível com a renda declarada".
O relatório destacou fotos de redes sociais em que as filhas de Patrícia compartilharam roupas de grife, viagens internacionais e hospedagens em hotéis de luxo.
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A outra empresa de ônibus citada na Operação Mafiusi é a Transunião, que opera 51 linhas na Zona Leste da capital paulista e transporta mais de 260 mil pessoas por dia.
Em 2020, um ex-diretor da empresa foi assassinado a tiros na capital. Dois anos depois, a polícia prendeu os suspeitos. Um deles era Jair Ramos de Freitas, que foi solto um mês depois.
Nas contas bancárias dele, a Polícia Federal detectou uma movimentação financeira de mais de R$ 32 milhões entre 2020 e 2022. A maior parte desse valor veio da Transunião, e os investigadores afirmam que "não há notas fiscais" entre a empresa e Jair Ramos.
A PF concluiu que as fontes de renda de Jair aumentaram mais de 1.000% entre 2020 e 2021, e que neste período o dinheiro movimentado por ele também foi bem maior do que o declarado à Receita.
Os investigadores dizem ver indícios de que a estrutura financeira comandada por Jair é utilizada para fins de lavagem de dinheiro ou como conta de passagem para pagamentos relacionados ao crime organizado.
O que dizem os citados
Em nota, a Transunião disse que não tem nenhum envolvimento com organizações criminosa e que está à disposição da polícia para colaborar com as investigações.
A defesa de Jair Ramos de Freitas, que recebeu os repasses da empresa, afirma que se trata de dinheiro lícito e que há documentos que comprovam isso.
A Movebuss também disse que não tem relação com o crime organizado, e que os pagamentos feitos a Patrícia Soriano, irmã de um integrante da facção, são porque ela aluga ônibus para a empresa.
A TV Globo não conseguiu contato com Patrícia Soriano.
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